quinta-feira, 4 de junho de 2009

Cinco anos

Assinalando o seu 5º aniversário, o Cineclube da Guarda irá realizar, na próxima sexta-feira, dia 5 de Junho, um encontro de confraternização, nas instalações do Quintal Medroso. O início será pelas 21 30 H. Pouco depois, pelas 22 00 H, será projectado o filme "Pamplinas Maquinista", de Buster Keaton (versão original), cuja ficha poderá ser encontrada no post anterior. A exibição acontecerá no auditório aberto, junto à muralha.

NOTA: devido às condições meteorológicas, o filme deverá ser projectado no interior do auditório, à mesma hora.


Doc


Divulgamos un encontros que decerto prometem. ou seja, uma semana em cheio: Filmes, debates, workshops e um naipe de convidados à altura. Ver aqui o programa e inscrições.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Pamplinas maquinista


de The General, de Buster Keaton e Clyde Bruckman

Argumento: Clyde Bruckman e Buster Keaton Produção: Buster Keaton e Joseph M. Schenck Fotografia: Bert Haines e Devereaux Jennings Montagem: Buster Keaton e Sherman Kell Som: Joe Hisaishi Actores: Buster Keaton, Marion Mack, Charles Henry Smith, Richard Allen, Glen Cavender, Jim Farley, Frederick Vroom, Joe Keaton, Mike Donlin, Tom Naw Cópia: DVD, Preto e Branco Duração: 94 minutos Origem: USA Classifificação: M/6

Durante a Guerra Civil Americana, espiões unionistas roubam uma locomotiva com o objectivo de destruir as linhas de comunicações inimigas, mas têm de enfrentar o condutor da locomotiva que a tenta recuperar.
O mais famoso filme do actor cómico Buster Keaton tem por base o livro “Daring and Suffering: a History of the Great Railway Adventure”, publicado em 1863 e reeditado anos mais tarde sob o novo título “The Great Locomotive Chase”. O seu autor, William Pittinger foi um sobrevivente do assalto a uma locomotiva, de nome The General, realizado por um grupo de soldados unionistas, no estado norte-americano da Geórgia. O livro é precisamente o relato desse assalto, que tinha por objectivo destruir as linhas de comunicação (linhas férreas, postes de telegrafo e pontes) para enfraquecer o inimigo. Caso o plano tivesse sucedido, a guerra civil americana teria acabado mais cedo, mas o assalto acabou em desastre quando a tripulação da locomotiva perseguiu os assaltantes e os interceptou: nove foram presos e os restantes acabaram por ser enforcados.

Buster Keaton achou a história brilhante e decidiu adaptá-la ao grande ecrã (apenas transformando o herói em sulista) fazendo de Pamplinas Maquinista, um dos seus filmes mais pessoais. Keaton nasceu no meio de uma família de comediantes e cedo começou a fazer parte das actuações do grupo famíliar. Quando este se desfez, Keaton teve a oportunidade de trabalhar com o comediante Fatty Arbucke num dos seus filmes e ai nasceu o fascínio de Keaton pelo cinema. A relação entre os comediantes floresceu e os dois realizaram cerca de 15 comédias de duas bobines entre 1917 e 1920. Posteriormente, Keaton teve a oportunidade de gerir o seu próprio estúdio e ai realizou diversas comédias de curta e longa duração, entre elas Pamplinas Maquinista.

A rodagem do filme decorreu no estado de Oregon, onde Keaton construiu o grandioso cenário (incluindo a ponte para a cena final, na altura, a mais cara alguma vez filmada), tendo sido necessário contratar 500 membros da Guarda Nacional, várias locomotivas de grande porte e transportar, de Los Angeles, 18 vagões de equipamento. O filme “traduz-se” numa longa perseguição e grande parte das cenas foram filmadas com uma câmara montada num carro que acompanhava a acção numa linha paralela. O filme vive essencialmente das peripécias de Keaton, que se tornam ainda mais impressionantes pelo facto do actor as interpretar ele mesmo, tendo, ao longo da sua carreira, dispensado sempre a utilização de duplos. Ao contrário de Chaplin, cujo humor é mais intimista, Keaton sempre teve um fascínio pela grandiosidade e Pamplinas Maquinista é um dos melhores exemplos disso: a utilização de grandes locomotivas como cenário da acção, os grandes planos sobre a paisagem e mesmo a recusa de Keaton em utilizar close-ups sobre si, são elementos típicos dos seus filmes.

O filme estreou nos Estados Unidos, a 5 de Fevereiro de 1927 (em Portugal apenas chegou às salas de cinema 38 anos mais tarde) e foi um fracasso de bilheteira, prejudicando a carreira de Buster Keaton, que não mais voltou aos seus tempos áureos: o actor nunca mais gozou da mesma liberdade criativa e após dois ou três filmes como actor principal, teve de se contentar com papéis secundários e papéis em filmes de baixo orçamento, o que lhe trouxe problemas na sua vida pessoal, como o divórcio e o alcoolismo. Mas o tempo veio a fazer-lhe justiça e Pamplinas Maquinista é, hoje, muitas vezes citado nas listas dos melhores filmes da história do cinema. A sua mais valia é o humor físico de Keaton, o ritmo impressionante da acção (estamos a falar de um filme mudo de 1927) e uma história bem estruturada e interessante.

in http://www.chambel.net